quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Confraria

Quando precisei mudar de cidade tive que deixar a confraria que ajudei a fundar, com muito orgulho, há 6 anos. Fui adotado por outra e estou aqui a contar essa história.

 Interessante que uma confraria de vinho não é para qualquer pessoa, tive casos de amigos e familiares que convidei e que tinha certeza que não iriam, mas convidei mesmo assim porque queria partilhar mais minha vida com eles, nem que fosse  somente  em mais um encontro mensal.

O fato é que esses encontros mensais foram inesquecíveis para mim, consigo lembrar dos vinhos, dos pratos, muito melhor do que em outras ocasiões também especiais, a amizade que se forma em volta do vinho é diferente, quem vivencia sabe do que estou falando.

Dar um intervalo da correria diária, nem que fosse por 3 a 4 horas por mês, para beber vinho com os amigos me parecia quase uma obrigação, um prêmio também.

Convidado por um colega de trabalho, aliás um amigo de trabalho, fui recebido em sua confraria por pessoas que me trataram como se me conhecessem há anos.

Parecidas? Sim, as confrarias são parecidas, os amigos se reúnem uma vez por mês e, por ficarem muito tempo sem se ver, falam aos borbotões. É um tal do Presidente organizar, chamar a atenção, apresentar os vinhos, afinal, o assunto também é esse! E toda confraria tem um Presidente! (todas as que eu fui, pelo menos).

A antiga tinha 6 ou 7 confrades assíduos, esta atual tem 22! As esposas também se conhecem, participam em algumas ocasiões especiais, a comida é excelente e os vinhos partilhados ficam melhores ainda.

Forme a sua confraria, ou participa de uma, o conhecimento e a amizade se multiplicam.
Os confrades gaúchos foram a uma viagem à Salta – Argentina, e essa eu perdi, uma pena. Mas outras virão e as memórias ah! essas serão eternas, não as perderei nunca.
Um abraço fraterno a todos os amigos desta e daquela confraria.  


Reunião dia 28/08/2013
Potência e concentração foram os predicados dos vinhos da noite. Vamos a eles:
Schild Estate Shiraz 2009
100% Shiraz . álcool 14,4%
Vale de Barossa - Austrália
Vinho com aromas intensos de fruta madura e especiarias, boa evolução na taça, taninos macios, boa acidez. Não repete a intensidade em boca, mas não é desarmônico por isto. Madeira bem integrada ao conjunto, guarda certa elegância por trás de tanta potência. Típico Shiraz australiano.

Bouza Tannat 2011
100% Tannat. álcool a 15%
Canelones – Uruguai
Coloração rubi com bordos violáceos, aroma de fruta madura e algo animal como o couro. Gustativamente algo que a mim não agrada que lembra manteiga, gordura, mas um vinho quente, sem dúvida. Acompanhou bem as carnes servidas.

Kompassus 2011
Baga, Touriga Nacional e Merlot (proporções?). Álcool a 15,3%
Vinho púrpura, de  início fechado, após abrem-se os aromas terrosos, de ameixa e especiarias. Concentração e potência são a tônica aqui. Pelo inusitado para mim preferi este, mas para escoltá-lo à mesa deve-se pensar em pratos condimetados e carnes com alguma gordura, o que não foi o caso desta noite. Muito irá evoluir na garrafa. Grande vinho.

Após a abertura dessas garrafas, a hora de compartilhar com os amigos:
Angélica Zapata Malbec 2009

 E Catena Malbec 2008, 3 anos envelhecido na adega do confrade Humberto:
A adega é esta da foto abaixo. Parece a Borgonha...
Saúde a todos!


6 comentários:

  1. Parabéns meu grande amigo!!!! Bela iniciativa, está ótimo, é muito agradável de se ler. As descrições também são naturais, de fácil entendimento, deixando de lado a descrição eno chata, que afasta as pessoas do mundo do vinho.
    Por falar em Salta, sentimos a ausência do amigo, falamos bastante em ti. Pensei que após Mendoza, seria difícil manter aquele nível, grata surpresa, encontramos um lugar diferente, não com toda aquela tradição de Mendoza, mas com um terroir magnífico, alguns vinhedos antigos, porém na sua maioria são jovens, assim como as instalações vinícolas também, vê-se que o investimento atual está sendo pesado, a simplicidade do lugar está adquirindo o requinte dos investidores, visitamos a San Pedro de Aycochuya, a El Esteco Michel Torino, a Piattelli e a Estância Colomé, esta, situada no meia do nada, entre deserto e cordilheiras, brincamos que era coisa de alienígenas, pois um suiço resolveu investir milhões ali, a 12 ou 13 anos, e fez uma vinícola excepcional, cuidada nos mínimos detalhes, e com vinhos de igual tamanho. Não vou me estender, também criei um blog da nossa confraria, estou sem tempo ainda para colocá-lo em funcionamento, assim que der postarei a viagem lá.
    Um grande abraço Evandro.
    Val Trentin

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    1. Oi Val, muito bom! Assim que tiveres postado no blog mande o endereço que eu divulgo aqui também. Um abraço grande amigo.

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  2. caro confrade Evandro, seja bem vindo ao nosso convívio, li sua publicação e gostei, vou acompanhar pois vou aprender mais sobre esse nobre liquido. abraços. Stenio Manfredini

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  3. Oi Stenio. Agradeço pelo post e as palavras de incentivo. Aprenderemos juntos. Um abraço ao amigo.

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  4. Ótima iniciativa Evandro, principalmente porque o conhecimento é grande mas a linguagem é acessível. Sou suspeito para falar, já que faço parte daqueles parentes que tu levou para a confraria. Mas sem dúvida não tenho como enumerar os momentos inesquecíveis proporcionados pelas reuniões e viagens.Continue dividindo as tuas experiências. Abraço.
    Everson

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  5. Oi Everson, o vinho é para ser partilhado mesmo. Fique à vontade para dar suas opiniões, sugestões ou criticas, porque sei que vocês estão a provar os melhores. Um abraço. Seja bem vindo sempre.

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